01/02/16 - Práticas sustentáveis resultam em alimentos mais saudáveis

A conscientização em relação à necessidade de preservar o meio ambiente e a busca por ingerir alimentos livres de agrotóxicos servem de estímulo à produção agroecológica. Em Venâncio Aires (RS), os orgânicos ganham espaço por meio do grupo de agricultores Eco da Vida, que conta com seis cooperados certificados pelo governo federal no município.

Atualmente, eles comercializam os produtos em feiras realizadas nas manhãs de quarta-feira e sábado junto ao ginásio Santa Rita do bairro Gressler e também nas manhãs de sábado na Associação de Moradores do bairro Morsch. O grupo venâncio-airense faz parte da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas Ltda, a Ecovale, que conta com 55 cooperados e tem sua sede em Santa Cruz do Sul.

Devido à oportunidade de garantir uma alimentação mais saudável por meio do consumo de orgânicos, as feiras do grupo Eco da Vida têm público assíduo em

Venâncio Aires. É o caso da empresária Selita Wilges, de 62 anos, que há vários anos frequenta a feira realizada no bairro Gressler. ‘Eu me preocupo com a quantidade de agrotóxicos que pode ter nos alimentos, mas aqui sei que os produtos são de qualidade. Vale a pena comprar. Nossa saúde deve vir em primeiro lugar’, defende.

Na feira, Selita tem a possibilidade de comprar os alimentos que vai consumir diretamente de quem os produziu. Agricultores que decidiram apostar nesse tipo de produção por consciência da importância de garantir alimentos saudáveis à mesa e diminuir os impactos gerados ao meio ambiente.

ALTERNATIVA AO TABACO

Com 21 anos, o jovem Anderson Richter decidiu que queria apostar na produção agroecológica de alimentos na sua passagem pela Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul, que oferece qualificação aos jovens do campo. Mas ele segue o aperfeiçoamento na área por meio do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) de Santa Cruz do Sul.

Ele deu início à produção agroecológica de alimentos ao aplicar o que aprendia junto à horta da família. Aos poucos, fez disso a sua fonte de renda. Hoje, estima que ele e a namorada Micaela Hister, 19 anos, produzam três toneladas de alimentos ao longo do ano junto às terras dos pais, que também deixaram de plantar fumo mas para passar a criar porcos e atuar na produção de leite. Localizada em Linha Santana, a propriedade também passou a contar com o sistema de ‘Colha e Pague’ para quem tiver interesse de fazer a colheita dos alimentos que vai consumir. São produzidos principalmente morangos, hortaliças e temperos.

‘Apostei na produção de orgânicos porque buscava uma alternativa ao tabaco e também porque me incomodava a ideia de colocar veneno nos alimentos voltados ao nosso consumo.’

Anderson cita que a produção agroecológica exige mais conhecimento e percepção do produtor, pois não segue um receituário. Em substituição às técnicas tradicionais de adubação e combate a pragas, explica que se aplicam estercos, caldas e mesmo determinados tipos de fungo recolhidos na própria propriedade e que atuam no combate a doenças do solo, por exemplo.


Falta produção para atender demanda dos consumidores

Segundo a presidente da Ecovale, Teresinha Weber, que atua como produtora ecológica em Vila Santa Emília, no interior de Venâncio Aires, o interesse da população pelos alimentos orgânicos tem crescido de forma significativa. “Hoje, nós não conseguimos produzir o suficiente. Há sempre a falta de algum produto. A intenção é ampliar o número de produtores agroecológicos, pois há mercado, mas o nosso desafio é encontrar pessoas interessadas nesta causa’, menciona.

Como vantagens para investir nesse tipo de produção, a presidente da Ecovale destaca que há a garantia de comercialização, não só pelo crescimento do interesse dos consumidores, mas pelas portar que se abrem a partir da organização em cooperativa. Além das feiras, cita que os cooperados encontram espaço para vender seus produtos por meio das compras governamentais através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que destinam melhor remuneração aos orgânicos.

Apesar da fama dos produtos agroecológicos serem mais caros, Teresinha Weber afirma que se procura oferecer um preço mais acessível nas feiras realizadas no município, inclusive para democratizar o acesso a esse tipo de produto.

APOIO DO MUNICÍPIO

Em 2014, para incentivar a produção agroecológica, a Administração Municipal de Venâncio Aires manifestou a intenção de criar um Programa Municipal de Apoio à Produção Agroecológica.

O prefeito Airton Artus cita que ainda não foi criado um programa específico de estímulo, no entanto, salienta que se mantém a intenção de contribuir para fomentar o setor. De acordo com o secretário municipal da Agricultura, Hélio Lawall, Venâncio Aires já conta com medidas de incentivo nesse sentido. Pelo atual convênio com o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), por exemplo, destina-se anualmente R$10.620 para assistência técnica e capacitação dos agricultores agroecológicos do município ligados ao grupo Eco da Vida.

Além disso, segundo o engenheiro agrônomo da pasta Anduir Lenhardt, a Prefeitura atua em diversas frentes no estímulo à diversificação de culturas e fortalecimento da agricultura familiar. Além do convênio com o Capa, cita parcerias com a Emater/Ascar, Escola Família Agrícola e associações de produtores rurais.

‘Assim através da atuação da equipe técnica da Secretaria de Agricultura, realiza diversos trabalhos voltados para produção de alimentos sustentáveis da agricultura familiar. Entre eles temos a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova), através do qual a Prefeitura, juntamente com a Emater, realiza acompanhamento técnico junto à cooperativa e aos associados sobre a produção, colheita e comercialização dos produtos visando a produção sem o uso de agrotóxicos.’

DIAS DE FEIRA

Ginásio Santa Rita do bairro Gressler – Quarta-feira e sábado, das 6h30min às 11h30min

Associação de Moradores do Bairro Morsch – Sábado, das 7h às 10h45min

fonte:http://www.organicsnet.com.br/


<< Voltar para notícias