agricultura Orgânica
Agricultura Orgânica - Vegetais Organicos - Produtos organicos
A
agricultura orgânica enfatiza o uso e a prática de manejo sem a utilização de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade e agrotóxicos. Esta prática agrícola preocupa-se com a saúde dos seres humanos, dos animais e das plantas, entendendo que seres humanos saudáveis são frutos de solos equilibrados e biologicamente ativos, adotando técnicas integradoras e apostando na diversidade de culturas.
Para a
agricultura orgânica, a regra número um é a de não agredir a natureza, mas trabalhar em harmonia com ela. Isto porque a natureza é um sistema equilibrado, no qual tudo se relaciona, e, toda a vez que você mexe com ela, os problemas aparecem adiante, é meio como uma “bola de neve”, uma reação em cadeia.
É muito fácil entender o que é um sistema equilibrado: é como o motor de um carro novo, zero quilômetro. Cada peça se relaciona uma com a outra de maneira perfeita. É só sentar na direção, ligar o carro e vamos embora. Experimente tirar um parafuso e andar alguns quilômetros. Você vai perceber que algo não está funcionando bem, daqui a pouco o carro pode até parar até de funcionar.
Assim é a natureza. Nela tudo funciona em harmonia. Quando uma árvore velha morre e cai no meio de uma floresta, rapidamente começam a nascer plantinhas rasteiras que criam condições para sementes de árvores germinarem - as primeiras árvores criam condições para outras maiores, os bichinhos e os fungos decompõem a árvore que caiu e ela vira novamente terra, servindo de alimento para plantas que estão se desenvolvendo na área crescerem. Em alguns anos, a floresta se recompõe e, assim, sozinha, ela se auto-regula.
Mesmo numa cidade, é fácil observar a ação da natureza. Em qualquer frestinha de chão de uma calçada, você percebe uma plantinha nascendo. É engraçado pensar assim, mas é a mais pura verdade: aquela plantinha mostra que a natureza está tentando fazer a cidade virar floresta de novo.
Vamos utilizar um exemplo da agrônoma Ana Maria Primavesi, pioneira da agricultura ecológica no Brasil, explicando como se desequilibra um sistema vivo. Ela está contando para nós sobre o que acontece quando são derrubadas florestas para transformar a área em pastagens:
“... o clima da região amazônica equatorial úmida parece sobremaneira favorável à produção vegetal, sendo a prova a hiléia (floresta). Mas esquece-se que o clima existe graças à mata, que, como um imenso termostato (aparelho que regula a temperatura), está evitando os extremos de temperatura. Pastagens não são termostatos e não se pode esperar a manutenção do clima amazônico após a modificação total da paisagem, trocando a mata por pastagens...”
“... Não há dúvida que a área amazônica pode ser transformada em uma paisagem cultural, porém com a conservação dos princípios ecológicos existentes! Cada modificação impensada significa um pioramento das condições de um ecossistema extremamente delicado, muito mais delicado que o das planícies férteis, dos celeiros da antiga Grécia e Roma, que hoje estão transformados no deserto do Saara...”
Partindo desses princípios, para não incorrer no perigo de criar desertos, vamos ver que, numa propriedade orgânica, os recursos naturais estarão sempre protegidos - as nascentes, a vegetação do topo dos morros, as matas da beira dos rios e córregos (matas ciliares). Nunca serão utilizados os venenos, que matam os animais.
Para a proteção do solo será utilizado o preparo mínimo, isto é, revolvê-lo o menos possível e de maneira adequada, para não ocorrer perda do solo por erosão (caem as chuvas e não penetram no solo como seria o normal, mas escorrem em enxurradas levando a terra embora) e também será tomado o cuidado de mantê-lo sempre protegido do sol e da chuva, com palhadas (cobertura morta ) ou , com plantas (cobertura viva).
Recomendações básicas para a produção:
•Utilize cultivos adaptados às condições locais de temperatura, chuvas, altitude e solo. As plantas vão crescer naturalmente mais fortes e vigorosas.
•Utilize culturas resistentes a pragas e doenças, porque você não vai poder usar veneno.
•Faça policultivo, isto é, dois ou mais cultivos plantados na mesma área. O solo vai ficar mais protegido, e ocorrerá um controle natural de pragas (uma área muito grande com uma planta somente acaba estimulando a aumento da população dos insetos que gostam de se alimentar daquela planta. Na natureza a simplificação não ocorre).
•Faça rotação de culturas, isto é, não plante sempre a mesma coisa no mesmo lugar e não deixe os solos vazios, expostos ao sol e à chuva. Essa prática vai controlar pragas, vai proteger os solos e seus nutrientes serão mais bem aproveitados.
•Faça pousio. Na seqüência de rotação de culturas, a área é simplesmente deixada sem cultivo, em descanso, para que se recupere naturalmente mediante o crescimento das ervas espontâneas pelo período de uma estação completa de plantio - verão e inverno.
•Faça cercas vivas, plantando árvores ou arbustos em torno da área cultivada para protegê-la dos ventos. Também servem para diversificar o ambiente.
•Faça áreas de refúgio, plantando espécies nativas com o objetivo de criar ambiente para a proliferação de inimigos naturais dos insetos nocivos. Conserve os fragmentos de floresta existentes na região.
•Use adubação orgânica, nunca química. Podem ser utilizados, estercos, adubos verdes, restos culturais, compostagem, biofertilizantes, pós de rochas. Trata-se de fornecer à planta adubação equilibrada, contendo todos os elementos que ela exige, porém nas proporções adequadas às suas necessidades efetivas. Tanto o excesso como a carência de um ou mais elementos rompe o equilíbrio fisiológico normal da planta, levando ao processo de diminuição da sua resistência natural. Esses materiais também servirão para alimentar a microvida do solo, muito benéfica para as plantas, mantendo-o sempre fresco e protegido.
Assim, é produzido um
alimento orgânico. Não é difícil, mas exige por parte do agricultor, bastante observação e cuidado. Maiores orientações podem ser obtidas junto às associações de produtores, junto à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - órgão de pesquisa agrícola do governo, junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).